LIXÕES A CÉU ABERTO PERSISTEM, MESMO APÓS FIM DO PRAZO PARA ELIMINAÇÃO
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LIXÕES AINDA ESTÃO PRESENTES EM VÁRIAS CIDADES BRASILEIRAS. NELES O CHORUME É LANÇADO DIRETAMENTE NO SOLO (FOTO: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO |
A vida real, algumas vezes, não anda no mesmo
compasso das leis. Exemplo disso é a destinação do lixo nas cidades
brasileiras. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determinou que, até
2 de agosto de 2014 (sábado), os gigantescos lixões a céu aberto, comuns em
todo o país, deveriam ter sido completamente substituídos por aterros
sanitários.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, o prazo não será prorrogado. Conforme as regras em vigor, os órgãos
públicos que descumprirem a nova política de tratamento do lixo estão sujeitos
ao pagamento de multas de até R$ 50 milhões.
No entanto, a situação mudou em ritmo bem menos
acelerado do que o exigido pela legislação. A Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico feita pelo IBGE em 2008 apontou que 2.810 cidades — ou seja, mais da
metade dos municípios existentes no Brasil — ainda destinavam resíduos sólidos
para vazadouros a céu aberto. Quatro anos depois, ao menos 3,5 mil lixões
estavam ativos, segundo estimativa da Confederação Nacional de Municípios
(CNM).
Só no
Nordeste, essa é a prática de 1.598 cidades. Entre as capitais, as que mais
ficam devendo no quesito manejo de resíduos sólidos são Porto Velho, Belém e
Brasília. A situação mais crítica no país, aliás, é do Lixão da Estrutural, no
Distrito Federal, o maior da América Latina. Do tamanho de 170 campos de
futebol e uma montanha de lixo de 50 metros de altura, o local recebe cerca de
2 mil catadores de material reciclável que trabalham 24 horas por dia.
Aterros
Estudo da
Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(Abrelpe) mostra que 40% de todo o lixo produzido no Brasil tem destinação
inadequada. Já foi bem pior. Em 1989, mais de 88% das unidades de destinação de
resíduos sólidos eram lixões a céu aberto e somente 1% eram aterros sanitários.
A
relação, em 2008, foi de 50,8% de lixões contra 27,7% de aterros sanitários — o
tipo mais indicado de tratamento. Os 22,5% restantes eram aterros controlados,
que são o meio termo entre um tipo e outro, porque o chorume ainda continua a
ser lançado no solo, embora em menor proporção. Isso mostra que a melhora vem,
mas lentamente.
Jornal do
Senado (05.08.2014)
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