DIÁLOGO E REFORMA POLÍTICA TÊM DESTAQUE NA REELEIÇÃO DE DILMA

DILMA COMEMORA O RESULTADO DO SEGUNDO TURNO COM CORRELIGIONÁRIOS E PRESIDENTES DE PARTIDOS ALIADOS (FOTO: MARCOS OLIVEIRA)


Em discurso após a vitória nas urnas, presidente reeleita retomou a ideia convocar um plebiscito nacional para “fazer as grandes reformas que a sociedade brasileira exige”


Reeleita com 54,5 milhões de votos — 51,64% dos votos válidos —, a presidente Dilma Rousseff tirou o dia de ontem para descansar no Palácio da Alvorada, sem compromissos oficiais. No domingo, logo após o resultado da eleição, Dilma pregou o diálogo como forma de fazer o país avançar. Acompanhada do ex-presidente Lula e cercada por líderes de partidos que a apoiaram, ela negou que o país esteja dividido, pediu união e defendeu a promoção de reformas, principalmente a política. Segundo Dilma, uma eleição apertada pode significar mudanças mais rápidas do que uma vitória ampla.


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— Em lugar de ampliar divergências, tenho esperanças que a energia mobilizadora [da disputa eleitoral] tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes. O debate das ideias, o choque de posições podem produzir espaços de consenso capazes de mover o país — afirmou.

A presidente garantiu que vai trabalhar pela implantação das reformas, especialmente a política, que pretende levar adiante por meio de consulta popular.

— Fui reconduzida para fazer as grandes mudanças que a sociedade brasileira exige. Naquilo que o meu esforço e poder alcançam, estou pronta para responder a essa convocação. Sei das limitações de cada presidente e do poder de liderar as causas populares. Quero liderar da forma mais pacífica e democrática esse momento transformador. Estou disposta a abrir canais de diálogo com a sociedade.

A diferença da votação de Dilma para a do concorrente Aécio Neves (PSDB), que obteve 48,36% — ou 51,04 milhões de votos —, foi de cerca de três pontos percentuais, ou mais exatamente 3.459.963 votos. A apertada vitória confirmou a polarização PT x PSDB, que vem se repetindo desde 1994, quando Fernando Henrique Cardoso se elegeu pela primeira vez para chefiar o governo brasileiro.

Dilma afirmou que vai incentivar o combate à corrupção, com o fortalecimento das instituições de controle, e que proporá mudanças legislativas para acabar com a impunidade.

A presidente prometeu trabalhar pelo ajuste das contas públicas, sem descuidar dos níveis de emprego.

“Pretendo abrir canais de diálogo com a classe produtiva”, anunciou.

Por fim, Dilma se disse mais preparada para o novo mandato.

— Vamos continuar construindo um país melhor, de solidariedade e oportunidades, que valoriza o trabalho e a energia empreendedora, que cuida das pessoas. Um país voltado para a educação, cultura, ciência e inovação. Mais uma vez, Brasil, essa filha tua não fugirá da luta — disse.

Os mais de 22 milhões de votos dados no primeiro turno à ex-senadora Marina Silva (PSB) acabaram divididos entre Aécio, a quem apoiou, e Dilma, mas ajudou igualmente a engrossar o cordão dos brasileiros que rejeitam o quadro político atual: 37,2 milhões de pessoas colocaram-se à margem do processo eleitoral ou protestaram, abstendo-se de votar, votando nulo ou em branco. Os votos nulos mais os brancos somaram 7,1 milhões.

Além de superar a rivalidade com o PSDB — que ganhou contornos ainda mais fortes nas redes sociais —, a presidente terá que lidar com dissidentes de partidos aliados que na campanha optaram por apoiar concorrentes.

FONTE: JORNAL DO SENADO (28.10.2014)


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